este era o único blog que ainda não tinha um gato. desculpem.
As minhas aulas na JBJAZZ recomeçaram. A partir de agora estou em modo “2-5-1” (sequência de três acordes omnipresente no jazz).
Esta cadência pode ser vista como uma maneira de antecipar a chegada de um som previsto “1” através de duas aproximações “2-5” de forma a criar alguma tensão emotiva ou diversidade, algum “movimento harmónico”. De certa forma, como os gatos fedorentos quando respondem a “gostas disto?” com “gosto, gosto.. epá, não tá mal.. prontos, não gostei mesmo nada”.
Mas este bailar sonoro construído para não ser tão imediatista e dizer apenas “1’s”, não é o maior objectivo do jazz. E é previamente combinado. Outro objectivo é que, enquanto um músico tá nisto, de colorir indefinidamente o assunto, floreando e quase que fazendo disto o próprio assunto, outro (os músicos andam sempre aos bandos) empenha-se em ir dizendo o mesmo, com garras e guelras, articula por ponto, que nem um doido.
Como fala ao mesmo tempo tem de ter muita sintonia, misturar alhos e bugalhos é fatal. Tudo através de argumentos improvisados no momento, pois sem isso a sua intervenção seria repetitiva e previsível, perderia o interesse.
Mas geralmente, dois músicos é pouco, é comum mais um pra manter os outros sem desânimo e se calhar ainda outro que acentua a tónica do discurso. E como não há músico mais democrata que o músico de jazz, de minuto a minuto trocam os papéis. Liberdade de expressão e igualdade de oportunidades é o cerne desta música.