terça-feira, 30 de outubro de 2007

a rede

Passei pela Praia do Meco depois de um almoço, que também tive por ali. Se há alturas em que gosto de praia são estas, quando quase ninguém se lembra dela, quando tenho espaço para os sentidos.
Por mero acaso, chega um barco, que me explicam que vem de fazer um tipo de pesca de arrasto que se chama "arte Xávega". Desenbaínho a máquina e decido experimentar umas fotos. Tudo giro mas semi-castiço - já há muito motor no meio desta actividade "tradicional". Observo a chegada do barco e o seu arrastamento para fora do mar, o puxar das intermináveis cordas que puxam as não menos longas redes.

E por fim, a chegada do peixe preso nas malhas do fundo da rede, resmas dele a contorcer-se e a agoniar, abrindo a boca até à deformação da cabeça num esforço inútil de encontrar uma réstea de água.
Agonio também. Choca-me os ares de superioridade humana espelhada no olhar de alguns mirones ou pescadores em contraste com o sofrimento dos bichos, estúpidos e indefesos. Somos predadores em sociedade, talvez a caça organizada seja inevitável. Mas isto não é uma festa. É. Limita-se a ter de ser.
Ou então ando a frequentar demais os supermercados... mais para comprar alfaces, diga-se.

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