À pergunta de qual é o instrumento mais característico do Jazz, a resposta mais frequente é sem dúvida o saxofone (tenor). Mas se o Jazz nasce em finais do séc XIX, foi apenas em 1914 que ‘Six Brown Brothers’, um grupo constituído apenas por saxofones (um instrumento inventado por Adolphe Sax em 1846), realizou as primeiras gravações de ragtime e jazz.
Mesmo em 1921, quando Coleman Hawkins se iniciou como musico profissional, o saxofone tenor ainda era considerado essencialmente um instrumento de acompanhamento. Hawks revela-se um músico seguro, com um som cheio e vibrato rápido e bem colocado.
A sua técnica de slap-tongue, assemelhava-se ainda à dos músicos de Vaudeville, apesar de ser já considerado como um músico de ‘avant-garde’. Mas, na orquestra de Fletcher
Hawk ruma para a Europa já gozando da fama e prestigio alcançados e nos cinco anos que aí permanece realiza uma diversas gravações de relevo. A mais famosa destas sessões realizou-se com um grupo onde se incluíam Django Reinhardt e Benny Carter. Hawkins tocou com uma vitalidade e fervor rítmico notáveis e fez um solo extraordinário na gravação de ‘Crazy Rhythm’.
Entretanto também Lester Young tinha desenvolvido e ganho admiração pelo seu estilo oposto a Coleman Hawkins: o de Hawks é vertical, baseado na passagem dos acordes, ou como vulgarmente se designa, baseado nos ‘chord changes’. Tinha um tom cheio e um vibrato poderoso. Lester Young tinha um sentido horizontal, apoiado pelo voice leading e elevado sentido melódico. Um som igualmente marcante mas sem qualquer vibrato e aparentemente liberto do passar dos tempos.
A sua carreira prossegue. Nos 40's foi também um músico de bebop, encorajou e acompanhou muitos ‘modernistas’ como Thelenious Monk, Max Roach e Dizzy Gillespie. Esteve ligado às primeiras experiencias do nascimento do Bebop, em contraste nítido com outros músicos como Armstrong ou Benny Goodman que praticamente repudiaram esta nova forma de tocar.
Nos últimos dois anos de vida Coleman apresenta sinais de desgaste psíquico e sofre agravadamente de alcoolismo, um problema que o acompanhou boa parte da vida. Em 1967 colapsa em palco, em Toronto. Ainda surge no trio de Oscar Peterson e toca por algum tempo nop Ronnie Scott’s. Em 1969 dá o seu último concerto no North Park Hotel em Chicago, falecendo pouco depois.
Coleman Hawkins está no Panteão de solistas de Jazz ao lado de Armstrong, Beiderbecke, Parker, Bechet e Young. Verdadeiro mestre do saxofone, com um raro sentido de improvisação, capacidade de expressão e propensão para a liderança instrumental, continua a ser uma figura inspiradora e venerada para todos os saxofonistas tenores.
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